segunda-feira, 12 de março de 2012

A EDUCAÇÃO NAS ESCOLAS PÚBLICAS

MEU RELATO COMO EDUCADORA DE LÍNGUA PORTUGUESA EM UMA DE MINHAS ESTRATÉGIAS COM O 6ºANO (ANTIGA 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL)


Resolvi trabalhar com a 5ª série do ensino fundamental o projeto Almanaque de Férias já que a turma apresentava pouco entusiasmo para realizar quaisquer atividades propostas, nas mais variadas disciplinas.
No 3º bimestre, no entanto, quando toda a escola se movimentava para a realização da gincana escolar, percebi um grande entusiasmo advindo desta turma no que se referia ao "lúdico" e foi com este mesmo entusiasmo que os alunos começaram a participar com afinco de todas as minhas aulas, uma vez que aderi ao lúdico para trabalhar com a classe.
A ideia do trabalho que lancei foi Almanaque de Férias. Coloquei o título no quadro e, ao mesmo tempo, fui espalhando vários almanaques e revistas de curiosidades em uma mesa. Todos ficaram admirados, pois a ideia de produzir um material para brincadeiras nas férias foi muito excitante para eles.
Propus aos alunos que manuseassem os almanaques e revistas para que se familiarizassem melhor com tais "livrinhos". Coloquei no quadro, várias características desse gênero do discurso, que os próprios alunos foram me dizendo. Pedi para que se reunissem em mini grupos de 3 ou 4 alunos e lancei o desafio.
Cada grupo deveria criar um almanaque de férias para crianças e/ou adolescentes como eles. O livrinho deveria conter as mais variadas propostas de atividades: brincadeiras, jogos, piadas, ilustrações e curiosidades também sobre outras disciplinas como: Geografia (mapas sobre as praias de Florianópolis e região), História (informações diversas), Ciências (corpo humano), Matemática, (interpretação e resolução de problemas e adivinhas), artes (ilustrações), Inglês (cruzadinhas, enigmas).
Os alunos se interessaram de forma bastante positiva. Foi eleito um líder por equipe, que teve o compromisso de delegar as tarefas. Cada aluno ficou responsável por uma etapa do almanaque. Parti, então, para dar qualidade e sentido ao ensino como requer a Proposta Curricular de São José: minha avaliação, como todo meu trabalho precisaria ser diferente. As notas deveriam significar (mais do que nunca) qualidade; precisariam representar a apropriação das informações e a capacidade de estudar, pensar, refletir e dirigir as ações para um objetivo claro. Queria, enfim, oportunizar aos educandos momentos de aprendizagem, clareza de comunicação (fala e escuta) e instigar a leitura/escritura.
De posse do material de apoio, começamos a elaboração do almanaque. Os alunos pesquisaram muito. A consulta a professores de várias disciplinas foi feita com sucesso e a saída à biblioteca para retirada de livros e pesquisas diversificadas, tornou-se uma constante na vida escolar desses alunos.
Percebi que as aulas de Português se tornaram mais agradáveis do que de costume, até para aqueles que não gostavam "nadinha" de escrever. Todos ficaram felizes ao ver seus almanaques sendo "construídos". Nas últimas aulas, quando os almanaques já estavam na fase final, observei uma certa impaciência dos alunos para fazerem os ajustes necessários e reescrever alguma parte que, porventura, não havia ficado dentro do esperado. No entanto, todos consideraram tais observações e as fizeram com um resultado extremamente significativo e surpreendente. O resultado foi gratificante.




Relato publicado no livro Caderno Pedagógico da Rede Municipal de Ensino de São José/SC. Língua Portuguesa - Um Diálogo Tecido por muitos Fios - 2008